sábado, 25 de outubro de 2008

Bilinguismo na mídia

Vejam abaixo matéria do jornal O Globo.
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Smart babies
Cursos e creches investem em ensino de inglês para bebês
Publicada em 10/10/2008 às 20h56m
Disponível em http://oglobo.globo.com/vivermelhor/mat/2008/10/10/cursos_creches_investem_em_ensino_de_ingles_para_bebes-549733664.asp

Tatiana Clébicar

RIO - Eles ainda nem falam "mamãe" mas já estão aprendendo que ela também pode ser chamada de "mommy". Os mais novos alunos de cursos de inglês são bebês. Segundo os especialistas é no primeiro ano de vida que as funções cerebrais ligadas à linguagem estão se formando. Isso significa que aprender um segundo idioma neste período não só os torna fluentes no idioma como também ajuda a deixá-los mais sabidos já que estimularia áreas do cérebro ligadas a outras funções.

"Ao nascer o cérebro está apto para lidar e reproduzir todos os sons da humanidade. Aos 7 anosesta capacidade praticamente se encerra. É o que chamamos de janela de oportunidade. (Eloísa Limaprofessora de inglês)"

A professora de inglês Eloísa Lima decidiu pesquisar essa capacidade. Em seu doutorado na UFRJ la investiga se os bebês são capazes de reagir de maneira diferente a línguas diferentes. Para seu estudo la vem dando aulas de inglês experimentais para bebês voluntários a partir de 6 meses no curso Diceno Rio. A classe regular recebe crianças a partir de 1 ano e 2 meses.

- Ao nascer o cérebro está apto para lidar e reproduzir todos os sons da humanidade. E as crianças são capazes de balbuciá-los. É como se cada som fosse um fio desencapado e conforme temos contato com uma língua vamos encapando os mais usados. Aos 7 anos esta capacidade praticamente se encerra. É o que chamamos de janela de oportunidade - explica Eloísa num escritório decorado por fotografias de Freud e Piaget. - Além do conhecimento da língua é fundamental um trabalho pedagógico bem estruturado para se trabalhar com crianças bem pequenas. A construção da linguagem passa pelas experiências sensoriais e afetivas.

Com ajuda de um aparato batizado de "chupetógrafo" um sensor que é introduzido dentro da chupetaela consegue observar se as crianças movimentam as estruturas orais - ósseas e musculares - de maneira deferente de acordo com o idioma que ouvem:

- Acreditamos que a segunda língua provoque uma mudança de paradigma no cérebro. E o aparelho que já foi usado em outras pesquisas registra a excitação das crianças na sucção.

Para a neurocientista Suzana Herculano-Houzel o temor dos pais de que as crianças confundam as línguas não procede.

"Defendo que o ensino ocorra o mais cedo possível. Num mundo globalizado é tudo o que a gente quer. Mas tudo depende da qualidade do trabalho desenvolvido. (Suzana Herculano-Houzel neurocientista)"

- Aprender um segundo idioma no primeiro ano de vida é apenas natural. Aqui no Brasil não é muito comum mas na Europas crianças são bilíngües porque convivem com familiares de diferentes países - explica a professora da UFRJ que já tem em casa dois quase trilíngües. - Meus filhos de 5 e 8 anos falam francês com o pai e já estão aprendendo inglês. Defendo que o ensino ocorra o mais cedo possível. Num mundo globalizado é tudo o que a gente quer. Mas não há garantias de que colocar a criança uma vez por semana ela se tornará bilíngüe. Tudo depende da qualidade do trabalho desenvolvido.

Depois de matricular a filha de 2 anos numa escola bilíngüe em São Paulo a professora de inglês Ana Maria Gurgel decidiu também pesquisar o bilingüismo.

- Segundo as pesquisas do lingüista britânico Colin Baker aprender um segundo idioma na primeira infância é ir muito além da língua. Elas aparentemente têm mais facilidade com outras matérias como matemática - diz ela que de volta ao Rio se tornou supervisora do método Learning Fun em Niterói que dá aulas de inglês para os pequeninos em escolas e creches que cada vez mais se apresentam como bilíngües.

- O Rio é o único estado que regulamentou a questão do ensino bilíngüe. Para uma escola ostentar o título de bilíngüe é preciso que ela ofereça dez horas semanais num segundo idioma. São escolas onde o conteúdo regular é dado em português e uma outra parte das atividades é dada em inglês por exemplo. É diferente das escolas internacionais onde o português é apenas uma disciplina.

"Aprender um segundo idioma na primeira infância é ir muito além da língua. Elas aparentemente têm mais facilidade com outras matérias como matemática. (Ana Maria Gurgel, professora de inglês)"

E Ana alerta aos pais mais ansiosos: não esperem que os filhos saiam falando em inglês de um dia para o outro ou que falem as palavrinhas novas para os avós no almoço de domingo:

- Assim como cada criança tem um tempo para falar na sua língua materna ela tem um tempo para se familiarizar com a segunda língua. Mas o que chamamos de período silencioso também é rico. A criança está processando as informações e vai falar no contexto oportuno.

Atenção aos sinais das crianças:
A fisioterapeuta Monica Casalinide 32 anos não se arrepende de ter matriculado a pequena Isabela então com 2 aninhos no curso oferecido pela creche Vivinfância.

- Agora com 3 anos ela já canta musiquinhas e fala algumas frases. Outro dia ela viu um cacho de bananas virou para mim e disse: "Mamãe o monkey come banana". Não quero que ela saia falando inglês agora de uma hora para outra. Mas como eu tive uma formação bilíngüe achei que seria bom para ela também.

Mas a mãe esteve atenta e precisou fazer ajustes no horário da aula:

- O inglês era após a aula regular e ela estava ficando muito cansada. Antes que ela associasse o cansaço ao inglês mudei para a turma da manhã e ela está superfeliz!

A coordenadora do Laboratório de Psicolingüística e Aquisição da Linguagem da PUC Letícia Sicurodiz que os trabalhos relacionados a bilingüismo são ligados a crianças que vivem num contexto multicultural. Ainda não há pesquisas consolidadas sobre o ensino de segunda língua em cursos e creches.

- Os estudos acompanham situações de total imersão nos idiomas: crianças que têm pais de diferentes nacionalidades ou filhos de imigrantesque falam uma língua em casa e outra na rua. Acredito que ainda é necessário fazer uma investigação sobre os cursos para bebês.

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