Desde a metade do século XX as relações que as pessoas mantém com os diferentes idiomas vêm se modificando. Com o intercâmbio cultural e profissional, tornou-se imprescindível e até mesmo comum aprender uma segunda língua.
No século XXI, a exigência é outra. Não queremos mais decidir se aprenderemos uma segunda língua ou não, mas como nos tornaremos pessoas fluentes em diversos idiomas e capazes de viver em espaços culturalmente diferentes, com sensibilidade para agirmos de maneira flexível frente à demanda.
A Escola Bilíngüe oferece aos alunos ricas situações de ensino-aprendizagem, de imersão em um ambiente onde a língua materna e a segunda língua (L2) são utilizadas como ferramenta na comunicação. Os conteúdos escolares e a L2 são integrados para que os alunos aprendam o idioma em uma situação comunicativa real e cognitivamente instigante.
Imagine uma criança bilíngüe que ouve sua professora ler textos literários, como "A Fantástica Fábrica de Chocolate" de Roald Dahl, em sua versão original? O que ela aprende?
Além da língua inglesa, ela aprende que também há uma literatura destinada ao público infantil em outros países e que essa não se resume a vocabulário ou a frases de estruturas simples. Essa literatura expressa idéias de pessoas que utilizam outras maneiras de se comunicar, com palavras e estruturas próprias da língua.
Aprende sobre os autores que escrevem essa literatura e sobre a maneira como escolheram cuidadosamente as palavras para que o texto atingisse seus objetivos – tornar a leitura prazerosa e levar o leitor a lugares imaginários nos quais sua história é contada.
O falante da L2 também precisa adquirir essa habilidade mais profunda de compreensão, entendendo os códigos inerentes à língua que expressam a maneira como um povo se comunica, mais formal, menos formal, usando estruturas específicas a depender da situação, etc. Quantas vezes viajamos a outro país, falamos frases gramaticalmente corretas, mas não conseguimos nos comunicar, pois nos falta o conhecimento sobre como o que queremos comunicar é mais comumente posto em palavras naquele idioma?
As crianças que vivenciam essa leitura de textos originais, também aprendem que a leitura na L2 pode ser cognitivamente desafiadora, e ensinar a pensar sobre aspectos da literatura e da linguagem. Ela exige das crianças a utilização de todas as habilidades lingüísticas que elas possuem, habilitando-as a utilizar o idioma tanto em situações sociais como em situações mais formais, como uma apresentação ou discussão no âmbito profissional.
Poderíamos nos perguntar como os alunos lidam com essa exigência escolar, ou seja, como é para eles aprender Ciências em uma segunda língua?
Os professores da Escola Bilíngüe organizam as situações de ensino-aprendizagem de acordo com os conteúdos clássicos (matemática, ciências, história, geografia etc.) e os conteúdos lingüísticos. Esses não são organizados de acordo com as estruturas sintáticas, do simples para o complexo, mas de acordo com a competência lingüística dos alunos, a partir do que eles conseguem compreender e produzir na L2. Por isso, os alunos se sentem acolhidos e valorizados em seu potencial de aprendizagem e vivenciam situações de imersão que os desafiam intelectualmente na medida certa.
A Escola Bilíngüe proporciona atualmente uma educação diferenciada: que amplia os horizontes formando o aluno e habilitado-o para responder às exigências do século XXI.
Mariana R. Fernandes
Coordenadora Pedagógica - Red Brick School
Realiza formação de professores e pesquisa currículos bilíngües.
domingo, 2 de novembro de 2008
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Um comentário:
Essa reflexão sobre o potencial da educação bilíngue é importante, sobretudo diante do aumento do número de escolas. Infelizmente não temos ainda uma regulamentação da educação bilíngüe que vem sendo oferecida pelas escolas particulares, o que gera programas muito diferentes. Como garantir a qualidade desses programas? É possível normatizar currículos, formação de professoras, carga-horária, entre outros aspectos decisivos para a qualidade da educação bilíngüe, como já ocorre nas escolas regulares? Creio que essa discussão pode ser interessante...
Postar um comentário